O Salário do Pecado

Sua Abrangência e Recompensa
A nuvem mortal do pecado desgraçou o caráter humano criado de acordo com a essência de Deus, trazendo morte, destruição e a perdição eterna. Veremos agora de uma maneira resumida e simples a abrangência do pecado e a sua recompensa.

Sua abrangência – O braço do pecado é longo e forte. A Bíblia diz em Rm 3.23: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Como um braço longo o pecado percorre o globo terrestre atingindo a quem encontrar pela frente. Ele também é forte porque não há meios humanos para se livrar do seu terrível domínio. Ninguém escapa a sua diabólica influência.

O braço do pecado abrange ricos e pobres, grandes e pequenos, homens e mulheres, reis e súditos, patrões e empregados. Nada escapa ao seu poder. O pecado não permite ser confrontado e por onde reina deixa em seu caminho um rastro de destruição.

Sua recompensa – A Bíblia diz de maneira clara em Rm 6.23: “Porque o salário do pecado é a morte...”. Ele jamais poderá trazer vida como recompensa, pois não carrega vida, porém a morte. O pecado não veio de Deus, mas originou-se da rebelião de Lúcifer nos céus. Lúcifer enfurecido por ser contrariado por Deus, derrama sua indignação sobre a terra afetando a bela criação de Deus.

Lúcifer era eterno, mas quando tentou assumir um trono acima do Criador, foi julgado e recebeu a seguinte condenação: “... chegaste a um fim horrível, e não mais existirás, por todo o sempre.” Ez 28.19b. Sim, sua eternidade fora banida e a morte lhe fora acrescentada como companheira por toda a sua existência.

É essa a arma que Satanás utiliza para destruir a humanidade, cujo nome é pecado e tem como salário simplesmente a morte. Quanto a sua abrangência e recompensa veremos a ação do pecado em personagens bíblicos.

O Pecado Derrota Um Rei Vencedor

Personagem: O Rei Davi
O Rei Davi era conhecido na Bíblia como o único “homem segundo o coração de Deus”. A alma de Davi compôs Salmos ou cânticos que até hoje arranca lágrimas e através deles Deus fala com uma multidão de crentes no mundo todo. Mas o pecado não o deixou impune. Davi como rei foi imbatível em batalhas, devido a sua extrema comunhão e aliança com Deus, mas mesmo assim sofreu derrotas por ter cedido espaço ao pecado em sua vida. Vejamos um exemplo terrível, processados em dois tempos na vida desse precioso homem “segundo o coração de Deus”: Vamos dividir essa história em tópicos:

Davi, Um Incrível Vencedor!
O livro de II Samuel, precisamente no capítulo dez, relata uma vitória impressionante de Davi contra os amonitas. Numa guerra mal planejada e com informações desencontradas os amonitas declaram guerra a Israel.

 Para compor suas forças o rei amonita contrata mercenários da Síria e de outra nação próxima para compor um exército a fim de destruir Israel. Com isso, os sírios, por ser na época uma potência militar, assumiram para si a responsabilidade de combater e destruir Israel.

Davi dispôs o seu exército de maneira equilibrada e estratégica para resistir ao inimigo. Por meio de seu poderoso general Joabe e todos os seus valorosos valentes Davi enfrentou os invasores. O exército invasor foi dividido em companhias estrategicamente posicionadas para derrotar Israel sem muita perda de tempo e de homens. Mas, Davi por ser um homem de Deus amado e um guerreiro quase nunca igualado, impôs uma dura batalha aos invasores, utilizando detalhes estratégicos pouco percebidos na Bíblia e os derrotou completamente.

A Bíblia diz, no final dessa batalha o seguinte: “Os sírios, porém, fugiram de diante de Israel; e Davi matou deles os homens de setecentos carros e quarenta mil homens de cavalaria; e feriu a Sobaque, general do exército, de sorte que ele morreu ali” II Sm 10.18.

Este foi o relato de apenas uma de suas vitórias militares. Davi obteve inúmeras vitórias em sua vida, mas a seguir veremos o poder do pecado cometido na vida de “um homem segundo o coração de Deus”.

Davi, Incrível, Foi Vencido!

 Agora observem que no mesmo livro de Samuel no capítulo onze, ou seja, no próximo capítulo, começa uma história de horror na vida desse amado homem de Deus. II Sm 11.1 começa assim: “Tendo decorrido um ano, no tempo em que os reis saem à guerra. Davi enviou Joabe, e com ele os seus servos e todo o Israel; e eles destruíram os amonitas, e sitiaram a Rabá. Porém Davi ficou em Jerusalém”.

Era costume dos reis, naqueles tempos, saírem à guerra junto com seus comandados, mas naquele fatídico dia Davi ficou no seu palácio. Saindo ao terraço de seu palácio numa tarde após um sono reparador do meio-dia, Davi permitiu que seus olhos divagassem ao redor.

Ele observou num quintal próximo que uma mulher tomava banho na intimidade de seu quintal murado. Segundo a Bíblia “era uma mulher mui formosa à vista”. Sabemos que todo homem é atraído pelos olhos e Satanás o sabe antes de nós. Durante milênios ele se especializou em nossas fraquezas. A tentação do pecado alcança o homem pelo olhar o que geralmente não acontece com a mulher.

 Indagando afinal quem seria aquela mulher foi informado por seus servos que se tratava da esposa de Urias, o heteu. Urias era um de seus valentes e capitão de seu poderoso exército. Mandou trazer a mulher ao palácio e forçosamente relacionou-se com ela e a despediu impiedosamente. Era um ato cruel e desumano, mas afinal ele era o rei. Achava-se poderoso para tal ato. Ele não sabia que aquele banho que a mulher tomava era um banho ritual judaico, exigido para as mulheres que terminavam seu ciclo menstrual. Aquela mulher entrara no período fértil, portanto ela engravidaria com facilidade.

Davi não contava com isso e o que não estava em seus planos aconteceu: A mulher engravidou!
Ao sentir os primeiros sintomas da gravidez ela envia um recado ao rei informando que não teria como esconder a tal situação. O rei se põe a pensar e planejar. Como agir para sair dessa difícil situação? Davi era um estrategista de alta grandeza, mas o que ele não sabia é que este é um inimigo diferente e ele se chama pecado. Davi, como guerreiro estrategista coloca um plano para funcionar. Imaginava que seria mais um  plano infalível, tais como os que ele planejava.

Ele ordena para que tragam Urias da frente de batalha. Com uma alegria disfarçada o  recebe em audiência privada no palácio.
– “Que privilégio! Sou um afortunado! O rei me chamou!” Inocentemente imagina Urias.
 O rei lhe pergunta por Joabe, o comandante, se informando a respeito de todos e de como anda as campanhas do exército de Israel.

 A seguir, demonstrando agradar Urias, sugere-lhe ir para casa rever sua esposa (dormir com ela, lógico) e logo atrás de Urias envia um de seus servos levando um presente do rei para o casal. Davi imaginou que agora Urias se relacionaria com sua esposa e tudo estaria encoberto.

Mas, Davi não contava com a fidelidade e a ética de seu capitão, que dormiu ao relento em Jerusalém e não foi para sua casa. Davi, frustrado, o chama de volta ao palácio para lhe indagar o porquê daquela atitude.

Assim foi a resposta daquele homem fantástico: “A arca e Israel, e Judá estão em tendas; e Joabe , meu senhor, e os servos de meu senhor estão acampados ao relento; e entrarei eu na minha casa, para comer e beber, e para me deitar com minha mulher?Como vive tu, e como vive minha alma, não farei tal coisa”. II Sm 11.11. Como lidar com tamanho nível de caráter e disciplina? Mas, Davi tinha que encobrir seu pecado e então segura Urias em Jerusalém lhe oferecendo um banquete no palácio.

Durante conversas e refeições, o rei embebeda Urias com vinho e a seguir o manda para repousar em casa. Urias, mesmo bêbado, continua fiel a sua ética e dorme na porta de sua casa, mas lá ele não entra. O Rei se enfurece, pois tem urgência em encobrir o seu pecado. Ato seguinte, o rei escreve uma carta para o seu comandante de guerra Joabe e a envia selada por mãos de Urias, o heteu.

Quando Urias retorna ao campo de batalha entrega a carta ao seu comandante que a lê. Os olhos de Joabe percorrem aquelas letras com certo espanto. Ali está uma condenação de morte e o próprio condenado a trouxe, inocentemente, em suas próprias mãos.

A carta dizia resumidamente: “coloque Urias na mais dura frente de batalha, e saia de perto dele para que morra”. Joabe assim o fez, Urias morreu e o rei foi informado. Aparentando bondade Davi assume a viúva de Urias e a partir daí começa as tragédias na vida do “homem segundo o coração de Deus”.

Tudo parece encoberto. Ninguém sabe de nada. A esposa de Urias não sabe e o comandante Joabe também não. Somente três pessoas tinham conhecimento daquela trama: Deus, Davi e um profeta chamado Natã.

Ao profeta Natã fora revelado para que repreendesse Davi. Repreendido habilmente pelo profeta, Davi soube que havia cometido um adultério e um homicídio. O Rei fora informado que o pecado havia sido perdoado por Deus, mas que sem dúvida, ele sofreria as conseqüências dos seus atos.

Pecado, O Inimigo Invisível.
Davi antes de ser empossado como rei fora um guerreiro admirado por sua coragem, destreza, astúcia e outras qualidades que compõem um homem de guerra. Enfrentou inimigos que variavam de ursos, leões e até o caso do gigante Golias. Era tão grande a sua destreza na guerra que suas ações geraram um provérbio cantado pelas mulheres de Israel quando retornava das batalhas.

O rei Saul ficava indignado ao ouvir o jovem Davi ser exaltado pelas ruas, enquanto as mulheres cantavam: “Saul feriu os seus milhares, porém Davi os seus dez milhares” I Sm 18.7. Apesar de serem inimigos de poderes avantajados e extremamente perigosos todos eles eram visíveis.

Quando Davi, naquela tranqüila tarde, deu uma espiadela para o quintal de Urias, tudo desmoronou em sua vida. Davi abriu as portas para que um inimigo invisível, de poder inimaginável, tomasse o controle de sua vida e operasse a destruição. A nuvem do pecado, que contaminou o Rei, agora espalha a morte e a destruição por todos os seus descendentes.

 Uma mulher honrada e pura é desonrada. Um homem justo, valente e ético é assassinado. Um lar inocente é destruído e a tragédia se espalhou pela geração do Rei.
Veja o rastro de destruição e o salário do pecado na família de Davi a seguir:
·        A criança, fruto daquela relação, morre ao nascer.
·        Seu filho Amnom comete incesto com sua irmã Tamar.
·        Seu filho Absalão mata Amnom para vingar Tamar.
·        Absalão usurpa o trono de Davi.
·        Absalão é morto e Davi lamenta sua morte.
·        Três anos de fome e guerras se sucedem no reino.
·        Davi enumera seu exército e é punido por Deus.
·        Davi morre. 

Não há nada de errado em morrer por velhice, mas o pecado continua cobrando alto o seu preço na família de Davi. Veja a seguir:
·        Adonias, outro filho, conspira contra Salomão e é morto.
·        Joabe, seu comandante e primo legítimo, companheiro de batalhas, também é morto.
Será que vale a pena ceder aos encantos do pecado?
Qual foi o lucro de Davi por aquele momento passageiro com a mulher de Urias, o heteu?
Seja qual for o flerte que a pessoa possa ter com o pecado, esteja certo que ele cobrará o seu alto preço. E o seu preço sempre será “tudo o que você tem” “Porque o salário do pecado é a morte...” Rm 6.23.



Autor: Pr. Epaminondas M. Pinho